segunda-feira, janeiro 23, 2006

Ex-mecânico, Arian é o Pascoal da vez

A vida imita a arte. É um ex-mecânico o modelo que mais chama a atenção das passarelas brasileiras nessa época de zoeira total. Como o mecânico Pascoal da novela "Belíssima", Arian (foto) vai marcando território, tem 20 anos, é de Santa Catarina - ô terra de gente bonita! Está batalhando a carreira na moda há um ano. Diz que quando começou só tinha uma muda de roupa, que beleza de história. Hoje está em quase todos os desfiles, agenda lotada, e já apareceu nas publicações mais importantes do mundo: "W", "i-D", "Vogue" América, "Numéro", "Arena", "V Men" e "Another Magazine". Já posou para a Benetton, Abercrombie & Fitch e H&M. É. E foi contratado para ser o garoto-propaganda do novo perfume do estilista Roberto Cavalli. Ah. Ao lado de Raica, fotografou para a campanha da TNG, e já está morando onde?, onde?, onde? Em Nova York!

sábado, janeiro 14, 2006

Anderson é lindo e gente boa

Um dos rostos mais bem-vindos da moda brasileira está fazendo sucesso na semana das passamanarias e viéses, no MAM. É o louro, alto, solteiro e sempre à procura Anderson Dornelles (foto). Ele veio do exterior (NY), onde mora, para fazer um desfile de uma griffe menos importante. Brilhou, brilhou, brilhou, bem à sua moda, sorriu, deu autógrafos e roubou a cena de alguns dos colegas de camarim (quase todos posam de "Eu sou uma ave rara, não chegue perto"). De boné, camiseta regata, Anderson mostrava a tatuagem nova, onde se lê: "One love". Como diria a Cininha: "Anderson é tudo". (A foto é do Cristiano, do Terra/The Boy).

quinta-feira, janeiro 12, 2006

Fashion Rio: Firjan está fora de moda

A Federação das Indústrias do Rio de Janeiro é a responsável pelo, desde já, mico do ano. Quer dizer, mico é forma de falar, a gafe foi um verdadeiro King-Kong. Aquele colegiado industrial enviou convites para diversos jornalistas do Brasil chamando para um almoço de “lançamento do projeto ‘Rio - Histórias e Personagens da Moda’, com a inauguração, nos jardins do MAM, da exposição que homenageia alguns dos estilistas que contribuíram para transformar a moda brasileira num setor empresarial reconhecido nacional e internacionalmente”.

Mas a Firjan não contava com a incompetência de sua assessoria de imprensa, cheia de mocinhas inexpressivas, tampouco com a falta de traquejo de uma (in) certa Margareth-sem-sobrenome (ela se negou a me dizer o nome completo), que trabalha - parece que com poder de mando - em sua área de eventos. Simplesmente, uns 15 jornalistas, con-vi-da-dos!, não puderam entrar no referido certame, por ordem da tal da Margareth, uma mulher tão “bonita” e “alta” feito a Gisele Bündchen. Margareth-sem-sobrenome simplesmente deu ordens ao segurança: “ninguém entra, o lugar está lotado”. E sumiu do mapa, medrosa. O segurança, coitado, obedeceu, mas ouviu toda sorte de impropérios da turma rejeitada. Margareth-sem-sobrenome não é competente. Não planejou. Convidou mais pessoas do que deveria. Margareth-sem-sobrenome.

Não seria a semana da moda carioca metidamente batizada em ingrêis, se isso não acontecesse, aliás. Vendido na mídia como “grande incentivador” do setor, na verdade o evento também é um alavancador de egos e ódios, isso sim, e bem ao gosto da moda. Descobre estilistas talentosos? Claro. Tira da sombra gente linda e a leva para o sol da passarela? Evidente. Promove a indústria dos vieses e passamanarias? Não resistiria tantos anos, se não o fizesse. Mas não dá para fugir do fato de que se trata de um balaco armado por e para pessoas que fazem da vaidade profissão. E vaidade, mal da humanidade, não tem idade nem remédio.

O MAM está um frege. Gente transitando por toda parte, um constante sobe-desce a rampa. Bacana é sentar num canto para ver a moçada passar. Barrado no tal almoço (aliás, a comida, me contaram, acabou no meio do furdunço, nem todo mundo conseguiu forrar a pança - Margareth-sem-sobrenome economizou no ensopado de mocotó), fui comer sanduba (caro, R$ 14) e tomar uma cerveja Boêmia (R$ 4,50 a latinha), para ver a turma transitar. O que vi é digno de muitas notas:

Regina Guerreiro (foto), a verdadeira azeitona da empada da moda brasileira, chegou toda de branco. Antes era o preto. Com um séquito de jaciras, claro, ou não seria a papisa dos áureos tempos do “Vogue” brasileiro, quando era capaz de mergulhar um pato vivo em uma lata de tinta óleo azul para ilustrar uma fotografia de moda. E matar sufocado o pato, coitado. Mas isso são águas passadas, e Regina, hoje em uma revista que não condiz com sua história, mas ganhando os tubos, continua de bom humor, pelo menos foi o que vi (e ouvi): gargalhando em altos decibéis, sua marca registrada.

Beth Guimarães ouviu que vestido longo está na moda e pôs um estampado arrastando no chão. O garçom conceituou, rápido no gatilho, trazendo minha cerveja, quando ela surgiu: “Parece a Mãe Menininha do Gantois. O vestido é tão estampado...”. Respondi que se tratava de uma das mulheres mais decantadas pelas colunas sociais locais, muitas vezes chamada enganosamente de “mais elegante”.

Como a Beth, outras tantas mulheres ouviram falar que o vestido longo está na moda e puseram um. Vestidos de todas as cores. Flores, flores, flores! Frutas! Tantos sabores. Difícil encontrar quem não pecou neste capítulo, porque, começo de conversa, para usar vestido longo precisa ser alta. Precisa ser magra. Precisa ter postura. Precisa ter ombros. Pois havia umas moças tão baixinhas, como se coubessem no porta-jóias, de vestidão longão. Sabe capa de bujão de gás de pipoqueiro?

Regina Martelli pôs um saião de chita, dois pulseirões, escolheu a bolsa maior do closet, porque os brindes são muitos e pouca gente resiste, e lá foi ela com ares de “sou a tal”. Fernando Bicudo, imperdoável, pendurou o telefone celular na cintura. Isso não se faz, Bicudo, e ainda mais num evento de moda. Todo de branco, cabelos armados, estava com sandálias havaianas da mesma cor. E se fazia acompanhar de um amigo com camiseta ultra-muita-cor.

Jorge Salomão, irmão do grande Wally, veio andando em minha direção, me tascou um beijo na bochecha e avisou: está chegando da Bahia. Passou por lá as festas de fim de ano. Fazendo suas macumbinhas, imagino. Lula Rodrigues dos Santos vestiu calça com estampa de camuflagem, aquele estilo militar. Peça “sambada”, nada àquela moda “comprei para ir à semana da moda”, o que denota estilo.

O estande da Mil Frutas, a sorveteria bacana, matou a pau, como se diz. Fila quilométrica na base do eternamente. Todo mundo querendo gelar a língua. Uma bola custa R$ 7. Caro. Tem sorvete de amora, champanhe, graviola, jabuticaba, lichia, mangaba, tamarindo, etc. Pelo mesmo está escrito na tabuleta, mas a mocinha do caixa avisou, depois de que entrei na tripa de gente, em busca de uma bola de mangaba: “não tem todos os sabores, não, isso (a tabuleta) tá aí só para enfeitar”.

Os banheiros para o público estavam imundos e fétidos. Os para a imprensa, perfumados e brilhando. Aliás, a sala da imprensa é um espetáculo. Tudo muito bem transado, sanduichinhos, água mineral, refrigerante, atendimento simpático, computadores, linhas telefônicas. Um céu de brigadeiro em meio à tormenta de poses e antipadrões sociais de alguns da turma da press da moda – pescoços empolados na base da demasia.

Um capítulo que merece consideração é aquele que versa sobre óculos escuros. Nessa solina com a bênção de Deus, fica obrigatório analisar a quantas anda a moda dos acessórios anticlaridade que o povo entendido no assunto estilo está usando. As jaciras são as que mais ousam. Há óculos que mais parecem máscaras. Todos negros. Não sei o que é que o povo da moda tem que não fita os olhos do interlocutor, como bem apregoam as leis da segurança espiritual...

No chamado setor dos negócios, onde várias pequenas e médias indústrias exibem e vendem suas mercadorias, destaque para o estande da Bahia, comandado pela Cristina Franco e bancado pelos Sebrae e Senai. Tem tanta gente talentosa lá... Meu Deus! Por exemplo: vi umas camisetas femininas minúsculas, bordadas com paetês, canutilhos e mini-fuxicos, tudo com o nosso motivo patriótico, quase obrigatório na indumentária dos tempos de Copa do Mundo. Feitas pela Gilka Andrade para a griffe Loygus, são dignas das páginas do “Vogue” americano (alô, Anna Wintour!). Vi também um misto de pintura silk e canutilhos no bordado floral em preto e branco, nas roupas feitas por Cristiane Moreno, merecedor de aplausos. E as jóias de casca de coco, com prata de lei incrustada em desenhos tribais, feitas por Nicolau e Sandra Almeida para a griffe Patro? Espetáculo! A Bahia, que sempre esteve com tudo no turismo, também está mandando na moda. E como.

As bolsas da Jô Havelange são de parar o trânsito. Coloridas, bem feitas, cheias de detalhes, um couro absolutamente bem tratado e lindo, chamam a atenção. Neste capítulo, as bolsas de Laura Lima, desfiladas com a coleção da Santa Ephigênia, também são lindas, lindas, lindas.

As assessoras de imprensa Kika Gama Lobo, XXX e Bianca Teixeira, e outros não dignos de nota, não se emendam. Continuam posando de donas da situação. Deveriam trabalhar para a Firjan. Não à toa, os paulistas desse segmento vêm comendo pelas beiradas e conquistando cada vez mais contas de empresas cariocas. Assessor de imprensa paulista sabe que depende dos jornalistas. Os cariocas, ainda que subservientes, acham exatamente o contrário.

PS. Justiça seja feita: na Firjan há incompetentes, gente sem sobrenome, um presidente controvertido, mas também tem uma mulher chamada Sônia Gadelha. Sônia, uma das personagens mais interessantes da sociedade carioca, há muito empresta sua classe, seu savoir faire, suas elegância e inteligência à alta cúpula daquela instituição. Se não fosse sua intervenção sempre sábia, pedindo desculpas aos jornalistas barrados, a Firjan, ó, iria parar na boca do sapo. Não é o meu caso, mas tem coleguinha por aí que bate uma macumba federal.


E O PADRE PINTO, HEIM?
Põe pinto nisso!