quinta-feira, janeiro 06, 2011

Anos 80: a grande dama Lily Marinho e o jovem repórter

Meados dos 80's. Eu, repórter de moda da Última Hora, levado à casa da grande dama Lily de Carvalho, na Atlântica, pelas mãos dos visagistas Alain Durand (francês, já falecido) e Alberto Pinheiro (vivíssimo, morando em Niterói), fiéis escudeiros dela desde sempre.
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Saída do seu exílio voluntário, refúgio do luto pela perda do filho, a grande dama aceitou dar sua primeira entrevista. E o escolhido está na foto com ela, todo orgulhoso.
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Inseguro, inexperiente, mas já sabendo o que queria, e rodeado de pessoas do bem, fazia um trabalho admirado (ela me disse que só me recebera porque, leitora da minha página, chamada "Última Moda", curtia o meu "talento". Viúva de jornalista, lia compulsivamente; todos os jornais), e lá fui eu, com o fotógrafo cabeludo Jorge Cecílio, para desvendar o guarda-roupa daquela que já se apresentava como a maior anfitriã do Rio desde a Maria Eudóxia e a Elisinha (posto que os Serpa acham que levaram, mas você sabe, dinheiro não compra racé).
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A matéria, de página inteira, chamou atenção. Juro que vou procurar em meus guardados.
Desde então, todos os convites para seus réveillons, todo o carinho, e a champa do fim de ano, que não chegava em garrafa, mas em caixa, e sempre da Don Pérignon Vintage, batiam na minha portaria.
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Muitas vezes, quando ela, já no auge de primeira-dama da Globo, era um carro da emissora que chegava em minha casa, com o presente de Natal. Se todos não se lembrassem, ela, nunca. Mesmo depois de eu ter saído da "Tribuna da Imprensa" (onde assinei a coluna diária durante 18 anos ininterruptos), Lily não se esquecia.
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Eu, que me relaciono sempre de forma não invasiva com a grã-finagem, sem precisar dizer de quem sou amigo, ou com quem almocei ou jantei transantonte, curtia Lily de longe. Ela sabia. Sem atravessar a linha tênue da intimidade com os mitos. (ou sem querer ser ministro ou leiloar seus vestidos depois de sua morte...)
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Mas não houve sequer uma vez em que ela deixasse de me atender ao telefone no Cosme Velho ou em qualquer lugar, na fazenda de Vassouras ou mesmo no celular do João Batista, seu motorista. Como no dia em que, já repórter da Caras (comecei na primeira versão da Caras, editada pela grande e inesquecível e talentosa Graça Monteiro, e fui ficando até não aguentar mais o estupor da Patrícia Rargríves, convertida a editora com uma bunda daquele tamanho), pedi uma foto exclusiva, tendo já muita gente tentado e não conseguido. Ela, na mesma hora, agendou e mandou que eu me entendesse com o Edgard, seu fiel mordomo, sobre as questões da produção.
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O resultado foi a imagem que segue abaixo, prêmio de Melhor Foto Produzida do Ano (94), da Editora Abril, troféu (e money) que o Sérgio Zalis Quem e o Marcelo Tabach me roubaram na maior cara de pau. Ora, se era "foto produzida", o mimo teria de ser dividido entre o fotógrafo e o produtor, pois EU idealizei este cenário, EU carreguei os móveis, EU estendi o tapete, EU disse ao Alain e à Lily como queria a foto, EU escolhi o vestido, além de ter ficado ho-ras domando os flamingos.
O Tabacho só clicou...
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Quando me lembro ajoelhado nesse gramado do Cosme Velho, catando as penugens dos flamingos, que interfeririam no resultado final da foto...
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Lily está guardada, desde sempre, no altar do meu coração.


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3 comentários:

  1. Oi Marcio, vc esta mignon nesta foto ao lado da grande Dama.
    E vc também mom cheri é uma grande homem, um jornalista respeitado, porque nos que lemos teu blog temos este respeito e vc merece.
    Bisou, bisou

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  2. Você já tem "estradas", hein? Amei as garças ali. Onde tem garças tem graça. E Graça é coisa linda.

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  3. Muito bom seu texto! Tambem admirava muito Dona Lily! Grande mulher!

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Aproveita e me mande aquela notícia quente! blogmarciog@gmail.com