domingo, junho 11, 2006

Texto sem cortes: Jaciras, Gretas Garbo e Bettes Davis no aterro

Definitivamente, a zona do agrião onde está instalada a semana “muderna” carioca, este ano, não é nada “fashion”. As formas exageradas do pedaço não se aplicam à moda em lugar algum do mundo. Está impessoal, frio (no figurado e no concreto, bem à beira mar de outono-inverno), e encontrar pessoas, só na base do celular ou do “walkie talkie”: “onde você está”? “Estou aqui no restaurante”. “Puxa, estou em Ipanema, você em Santa Cruz”, tipo assim. E daí que evento de moda no Rio de Janeiro sem poder esbarrar numa Vera Fischer a toda hora, ou numa Luiza Brunet, não há carioca ou turista que suporte. Porque só afetação pura e simples não cabe - tem de ter DNA. Em compensação, com este estilo-mundão-Rock in Rio de ser, a semana da moda, ao que parece, faz a alegria de muita gente e precisa abrir as porteiras para o povo entrar, justificando seu “sucesso de público”. O que tem de marinheiro de primeira viagem circulando no pedaço, nem te conto. 

### As jaciras lançaram mão dos óculos escuros, de novo, e não encaram as “lentes da verdade”, como o Clodovil, nem por um pirulito. Por trás de óculos pretos todo mundo é (a)normal, todo mundo recebe de frente o seu quê de celebridade instantânea, e daí que para jacira não tem erro: todas, literalmente todas, já foram ou serão a Greta Garbo por um dia. Tem também aquelas jaciras que juram que são as últimas doadoras de testosterona da face da terra, e aí põem camisetinhas justinhas com os braços parrudões para o lado de fora, embalam as coxas como cortes de filé vendidos na Bassi. Está tudo lá: a fauna e a flora cariocas e troianas, do Oiapoque e adjacências, reunidas para ver (até aqui, a impressão) nada de novo no front! Não surgiu ainda “A” coleção que irá tirar a moda carioca da mesmice, este ano. Pode ser que ontem à noite (fecho estas mal traçadas às 14h., um olho na Copa e outro na missa, igual a Nana Caymmi) tenha aparecido, com a Colcci e a Gisele Bündchen. Torço para que sim.

### Uma sugestão para as moças que vivem na luta inglória com a balança (Claudia Fialho, Angela Fragoso Pires, etc.): ir ao Fashion Rio! Anda-se quilômetros para se chegar à tenda onde será realizado um desfile, e depois outras mais centenas de metros até chegar à outra parte, onde mais um desfile acontecerá em minutos. Para se comer um sanduíche de R$ 20, mais marcha-soldado-cabeça-de-papel! Uma sugestão aos organizadores: pôr mais daqueles carrinhos que se usa nos campos de golfe (quem sabe a Xuxa não empresta alguns? Na Casa Rosada tem) para levar a moçada pra lá e pra cá. Anteontem, só vi um deles atendendo ao contingente de protagonistas e figurantes da opereta.

### Talvez tenha vindo daí - dessa lonjura que separa tudo e todos - o sucesso sem precedentes do galpão onde tem sido realizado o chamado “Fashion Business” - não se espante, é tudo em ingrêis mesmo. Cercada de estandes, um agarrado no outro (alguns fechados a chave, com medo do mundaréu ensandecido que circula pelo corredor, suponho), tudo ao abrigo da corrente de ar frio, a bolsa de negócios da moda tem recebido todos os famosos (e também muitos pseudos) que aportam no Aterro do Flamengo. Anteontem, quem estava lá cercado por um séquito era o presidente da Firjan, que ouviu dizer que jaqueta branca está na moda e pôs a sua. Tem de ouvir dizer e saber usar. Kátia Spolavore, de blusa verde-alface, também vi, linda como sempre.

### Dona Alice Tambrindeguy chegou com a filha xará, a deputada estadual do PSDB. Receberam homenagem bacana do estande do Pólo de Moda de Campos dos Goytacazes, que lembrou a figura empreendedora do avô materno da Narcisa, o fazendeiro Firmino Saldanha, nascido no interior do Rio Grande do Sul, que adquiriu uma imensa propriedade na Baixada Campista, a Fazenda Boa Vista e, antes mesmo de existir qualquer pensamento sobre questões relacionadas a reforma agrária ou aos MSTs de por aí, criou vilas, doando terras a colonos, estimulando o crescimento local. Nas terras de Firmino foram encontrados os primeiros poços de petróleo de Campos. Dona Alice e Alicinha estavam visivelmente emocionadas com a homenagem orquestrada pelo jornalista Carlos Frederico Silva.

### Outro famoso que eu vi no Fashion Rio foi...foi...foi. Não foi! Não vi. Naquela lonjura de lá e pra cá, difícil ver alguma celebridade. Ah! Vi o Verginaud, ex-modelo convertido em ator de novela de Falabela. Agarrado a uma guapa. Vi a matriarca Marlene Carvalho, da família que controla o Grupo O Dia. Encontrei a cada vez mais linda Duda Loyola, neta da Sarita e do José Carlos Galliez Pinto, casada com o Ignácio Loyola, filho da Vera. O sapato do Ferreirinha, ex-diretor da vade-retro Louis Vuitton, era vermelho. Como vermelho era sua camisa. Uma coisa assim combinando, afinal, "se é festa de moda, tem de combinar", esse povo deve pensar. Ferreirinha, que coisa, é diretor do curso "Gestão do Luxo" (do luxo!) promovido pela FAAP paulista.

### O sucesso comercial do evento é inegável. Eloisa Simão, a criadora do rebu, mostra que é boa administradora, ainda que entenda tanto de moda quanto a Claudia Raia. Este ano, até o Banco do Brasil tem estande lá, e os estandes são equipadíssimos, todos refrigerados, envidraçados, atapetados, iluminados. É “coisa de primeiro mundo”, como muitos integrantes da patuléia gostam de comparar.

### No Fashion Business há estandes de Petrópolis, do Pará, de Niterói, da Bahia, todo mundo mostrando sua moda, seus fazeres e afazeres. Falar em Niterói, vi por lá a produtora de moda Alzirinha, das maiores caras-de-empada da Cidade Sorriso. Nenhuma implicação jurídica de minha parte, porque nome é fictício. Ou quase. No Pará, um vestido feito com renda de palha da costa, um espetáculo de trabalho artesanal com cara de rainha das quentinhas.

### Lá fiquei sabendo também que a Narcisa e o Bruno Astuto não jogam mais no mesmo time. Ela continua no ataque do Brasil e ele, agora, digamos, ou mal comparando, está na retranca da Argentina. Narcisa assina sua coluna sozinha, desde já.

### Virou mania: as editoras de moda, quase todas, têm seus espaços VIPs, seus “lounges”, como gostam de dizer, seus cercadinhos onde recebem os convidados no “Fashion Rio”. Ficam encasteladas, como verdadeiras Bettes Davis contemporâneas, bem malvadas, e ai de quem passa na porta a olhar sem ser convidado: tem de retorno um soslaio de pouco caso, como o só o chefe da matilha (carniça na boca) lança para seus súditos famintos pedintes de um naco.


Cininha pediu, a gente atende durante a Copa, e parcimoniosamente, porque pouca gente agüenta doses graúdas de testosterona durante muito tempo. Os craques mais belos do futebol! Brasileiríssimos que somos, como obra de Waldir Azevedo, comecemos com Kaká. Ele mesmo, Ricardo Izecson dos Santos Leite..."Que tesão!" - exclama Cininha.

Um comentário:

  1. Marcio, tá um luxo teu blog. Ri muito dos seus comentários. Hilário!!!

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