Comecei minha carreira de jornalista escrevendo sobre moda e cinema no jornal da minha escola, periódico criado e editado por mim, todo feito na xerox da esquina. Tinha 12 anos de idade. Já sabia o que iria ser quando crescesse. Muito natural que - escrevendo sobre moda, enquanto meu irmão se trancava no banheiro com a "Playboy" - como todos os meus pares, mantivesse uma certa admiração sobrenatural pela Regina Guerreiro, então a grande diva da imprensa de moda nacional, dona do estilo da “Vogue”.
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Aqui cabe ressaltar que a “Vogue” daquela época era outra revista, nada comparável com o balcão de negócios na qual se transformou nos dias de hoje, fama que a editora Globo tenta reverter, não sei se irá conseguir. Mas minha admiração “sobrenatural” pela RG também era porque, superlativa que ela é, como eu, nada que é muito óbvio combina com a gente. Ou é amor ou é a completa indiferença. Doa a quem doer.
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Assinante de “Vogue” - tenho todas as edições comandadas pela Regna -, não contente por ser apenas leitor, fiz do ofício de fuçar sebos em busca de números atrasados minha sina, restaurando edições muito depauperadas, encadernando outras etc.
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Meu primeiro encontro com a Regina Guerreiro (foto) se deu lá pelos 80’s, década quando tudo de mais marcante em minha vida aconteceu. Lembro que era a abertura da primeira Casa Cor, em São Paulo, e lá fui eu, fingindo-me cosmopolita, porque sempre gostei mesmo é de um bom meio do mato, um galinheiro à espreita. Ponte aérea, casacões, deslumbrado que só. (Claro que não imaginava que encontraria minha eterna diva, pois eis que nem levei meu Ferragamo cor de prata, sapato que, anos depois, ‘fecharia’ a redação de "Caras", onde trabalhei, chamando a atenção de alguns dos meus pares, quase todos muito cafonas, alpinistas e despreparados bajuladores de "ricos e famosos", como Alex Lerner, Karmita Medeiros, Sergio Zalis e Patrício Rargreves entre outros). Mas este também é assunto para outra vez.
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Lembro que perscrutava tudo, fotografando para expor na “Última Hora”, onde escrevia, quando, num labirinto assinado por Arthur de Mattos Casas, esbarrei naquela que melhor escreve sobre moda no Brasil. Sabe quando você, distraído, tropeça em alguém, sem olhar, e só depois mira olhos nos olhos, quero ver o que você diz, quero ver como suporta viver tão feliz?
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Foi assim.
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Eu e Regina, Regina Guerreiro e eu. Amor à primeira vista. Gargalhadas, olhos nos olhos, pois comigo foram poucas as vezes em que ela estava de óculos escuros. E quando estava, sempre os tirava.
Claro que não me contive, e declarei todo meu amor. Ela, que não era (e não é) boba nem nada, não deixou escapar tanto afeto por entre os dedos, e segurou. Aquiesceu, emotiva.
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Mantivemos contato durante longo tempo. Nos encontrávamos nas primeiras filas dos desfiles no Rio, e logo virávamos foco dos olhares alheios, pois, como a Regina, nunca fui de muita coleguice, sempre mantive uma certa distância dos incautos. Lembro que na Semana de Estilo Leslie, primeira versão do Fashion Rio, no Palácio da Cidade, roubamos a cena. Foi neste dia em que botei pra dentro a milionária Jane Rose Klarnet, dona daquela joalheria, como é mesmo o nome?, que estava sem convite (anos depois, fiz o mesmo com o belo filho dela, no MAM, no lounge do Ela comandado por minha amiga Mara Caballero, mas isso é assunto pra outra ocasião).
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Já com Regina Guerreiro diretora da “Elle”, lembro que colaborei com a revista, assinando alguns textos para a coluna Antena, editada pelo Mário Mendes, fiel escudeiro dela – não sei se ainda o é, pois a Regina, como eu (de novo), é brigona.
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Depois conto mais. Cansei. Há ainda muito o que falar sobre este assunto. Tantos almoços, tantas primeiras filas, tantos faxes trocados com a diva - nosso tempo não era o do e-mail...
CONTINUE, MARCIO! ESSAS SUAS HISTÓRIAS SÃO DELICIOSAS! ADORO LER!
ResponderExcluirentao ele q conte da foto para a caras nos jardins da lili marinho,, foi chique,;;;
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