Politizada e brizolista como poucas do society carioca,
morreu dona Alice Tamborindeguy, mãe da Narcisa e da deputada Alice. Aliçona,
como era conhecida, comandava com firmeza a família que reina no Edifício Chopin,
ao lado do Copacabana Palace. Ela tinha, como cada uma das filhas tem, um apartamento do
prédio construído pelo marido, o saudoso deputado e empreiteiro Mario Tamborindeguy.
Estava internada no Samaritano, no Rio, e morreu de falência múltipla dos órgãos.
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Quando eu escrevia coluna social na “Tribuna da Imprensa”, nos
falávamos, por telefone, pelo menos, umas duas vezes por semana, quando ela se
lembrava de todas as minhas notas e comentava uma a uma, dando-me ótimas ideias
para novas notícias. Nunca pediu nada para si, nem para as filhas – não precisava.
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Apaixonada, tomava partido dos amigos e não perdoava aqueles
que aprontavam com as filhas. Quando Narcisa foi demitida do jornal “O Dia”,
derrubada por seu então “melhor amigo” e assistente, dona Alice me telefonou e
desancou o sujeito, então meu “amigo” também, contando-me poucas e boas e
exigindo que eu também desfizesse minha “amizade” com ele. Ela era assim. Pelo
que consta, morreu brigada com a viúva do Ary de Carvalho, então comandante do
jornal “O Dia”, por causa disso. E sempre foram grandes amigas.
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Bom era quando eu me encontrava com ela nos chás na casa da
Lucianita (Fiala de Siqueira) Carvalho. Elas eram parecidíssimas e me
divertiam. Inteligentes, liam todos os jornais e revistas. Foi dona Alice quem
me apresentou às suas filhas, convidando-me para uma festa retumbante de aniversário
da Narcisa, na mesa pontificando o buffet do Demar – só o Demar faz as festas
das Tamborindeguy.
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Dona Alice era, de fato, uma grande dama. Sempre com seus
terninhos azul marinho e a bolsa Chanel que, embora tivesse alças grandes,
ela trazia embaixo do braço, qual carteira. Só usava o perfume Beautiful, de Estée Lauder.
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Amiga do meu antigo patrão, Helio Fernandes, cobria-me de
elogios, quando o encontrava nas muitas festas que frequentavam. Cético de
carteirinha, o Sr. Hélio, quando me dava broncas acerca de uma ou outra notícia,
sempre acentuava: “não sei como a Alice gosta tanto de você”. E gostava mesmo.
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Ela será sepultada no São João Batista.
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