

Chama Ivete de "incansável". Diz que a baiana vai cortar um dobrado para "se juntar a artistas como Beyoncé, Madonna e Shakira como uma pop star reconhecida globalmente". O ritmo, diz Pareles, não se encaixa com o mundo fora do Brasil. Banho de água fria.
"Ela tentou uma estratégia de cruzamento internacional: colocar sintetizadores e uma batida 'club' como denominadores comuns em um pot-pourri de hits. Mas desistir completamente da propulsão musical brasileira neutralizaria a música dela. É o dilema da mistura, algo que a Sra. Sangalo ainda precisa definir", conta o cara, uma voz respeitada nos estúdios norte-americanos.
PS. Alguém pode me dizer o que é essa cabeça da Vevete, na foto?
A soberba recém-adquirida e a confortável superficialidade de Luiz Garcia são financiadas pelas benesses do oligopólio midiático a que serve.
Nos últimos dias, grandes jornalistas, como Miriam Leitão, analisaram profundamente a trajetória do Jornal do Brasil na TV Globo e no Globo. Outros, em vez de examinar a dinâmica tecnológica que fez o JB tornar-se o primeiro 100% digital do País, optaram por rememorar com nostalgia o JB dos anos 1950, 60 e 70.
Garcia, no entanto, em vez de analisar a evolução de técnicas e costumes, arroga-se ministrar lições de moral. O acidental professor de ética ensina: “o negócio do jornalismo tem uma característica rara e vital: é negócio, mas também é serviço público”. Como se essa característica não estivesse também presente em empresas de alimentação, remédios, hospitais, transportes, águas urbanas ou mesmo a padaria da esquina.
Que deve achar Luiz Garcia do (des)serviço público prestado à reconstrução democrática no país pela empresa a que fisiologicamente se ligou?
Talvez Garcia considere a mão que o alimenta, e a que agora Garcia retribui avassalado, o exemplo mais perfeito de ética jornalística e concorrencial. Ora, alguém com honestidade intelectual e mínimo conhecimento da história recente do País pode achar que a Globo ou O Globo são esses campeões da moral?
Os brasileiros não esquecem episódios desastrosos protagonizados pela empresa que sustenta Luiz Garcia. Nos anos 60 e 70, publicações como o Jornal do Brasil resistiram com altivez aos senhores da noite. Já O Globo cumpriu ordens obedientemente, às vezes com animação. Tornou-se o jornal preferido do governo autoritário.
O jornal de Luiz Garcia estampava em editorial no fatídico 1o. de abril de 1964, primeiro dia da implantação da Ditadura: “Ressurge a Democracia! Vive a Nação dias gloriosos“. Não surpreende se um Editorial como esse tenha sido escrito por Luiz Garcia.
Pretenso professor de moral, Luiz Garcia defende em seu artigo: “O jornal exerce o comércio de vender espaço para anunciantes, mas tem de fazê-lo segundo normas éticas”.
A etiqueta de Garcia o faz olhar para o lado quando seu jornal pratica o dumping e pressões quase criminosas contra anunciantes. Todo o mercado publicitário brasileiro sofre com a prática do monopólio. Por ele, impõem-se veículos “globais” a agências de publicidade e clientes. O Globo, ao exercer política de “exclusividade”, pratica níveis de descontos comerciais em que, caso o cliente anuncie em outro veículo, é ameaçado de retaliação.
As agências – e todos os outros veículos de comunicação no Brasil – são vitima dessa política, assim como dos incentivos dos veículos "globais". São as bonificações de volume, os conhecidos “BVs”, com prêmios em dinheiro – recompensa por determinados patamares de faturamento que atinjam. Espécie de aliciamento a que, constrangidas, as agências se submetem.
E pensar que Garcia, ao menos no nível do discurso, se arvora homem de supostos princípios de esquerda a que cosmeticamente abraçou em anos não muito distantes.
É um erro achar que Luiz Garcia seja alheio à “ética” concorrencial do jornal que o paga. Garcia, bastante conhecido no meio jornalístico por seu adesismo, é remunerado por uma empresa campeã do capitalismo cartorial.
E aí Garcia tem razão: de fato, o leitor não é bobo".
Já vi Bethânia e Whitney cantando no Madison Square Garden. Ao vivo. À época, não lembro de ter testemunhado tanta anunciação à moda Sangalo, quase que como se esta baiana estivesse pisando na lua.
Sinceramente, à parte a magia do palco da casa de shows americana, sou muito mais a Sala São Paulo. E acho uma caipirice essa babação de ovo em torno da rainha do axé, só porque ela conseguiu pisar nas cercanias da Broadway. Por que não conseguiria, já que é uma baita de uma estrela? Cantar no Square Garden é o caminho na-tu-ral de todas as grandes e ricas divas, e não se precisa tratar o assunto como se um ET estivesse sendo aguardado na platéia com seu O(V)NIbus. É só pagar o aluguel do espaço - pôr num avião alguns jornalistas baba-ovos, claro - e convocar a brasileirada de por perto. Espera só, como o ousado e maquiado deputado Elymar Santos ainda vai fazer isso um dia...
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Seja mais dona de si, tupinicada!
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Outra coisa que me incomodou nessa lenga-lenga toda foi o fato de ter lido que, no camarote dos "convidados" da Ivete Sangalo - gianecchines e companhias belas - , a turma brasileira foi obrigada a usar camiseta e algeminhas de acesso, aquelas tirinhas de plastiquinho colorido no pulso, que tal? Como numa Sapucaí básica, à la Justus e patroa, olha a foto. Ocorre que no Carnaval cabe, porque o Momo é dado a uma galhofa...
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Há algo de mais caipira do que isso?
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Francamente, fofa. Na América, VIP que é VIP se identifica pelo olhar. O Bill Cunningham, o Bruno Astuto do "Times", os conhece pelo derrière.
E tem mais uma pergunta: o autor dos figurinos da Sangalo americana ainda está solto? Prendam-no! Socorro! Mistura de Pucci, Galliano, Jacques Leclair e chita à la Julinho Rego, só no Pelourinho depois da meia noite - na calçada do restaurante da Dadá, com Paloma Amado lá dentro lavando a louçaria.
PS. Estou doido para ler o que o Jon Pareles, crítico de música do “The New York Times”, achou do show. Ele foi convidado, ou só tinha espaço para as suzanas vieiras?
Oprah, no entanto, põe em dúvida a questão climática local: "Ainda não sei se vai acontecer. Afinal, nunca se pode confiar no tempo em Chicago", comentou.