Uma noite cheia de estrelas, ainda que o céu mantivesse aquele lusco-fusco outonal de praxe, a festa de lançamento da segunda edição da revista “Key”, obra da loura paulista Érika Palomino, no Zero-Zero, Gávea, anteontem. Érika é aquela loura que não é burra: deixou a cadeira de editora de moda da “Folha de S. Paulo” e montou sua empresa em um galpão paulista logo batizado de “House”. Érika adora uma expressãozinha em inglês.
### A dona Palomino, desde aí, não pára de aprontar e, sempre respaldada por patrocínios importantes, parou a noite carioca. Aliás, sobre essa questão “patrocínios importantes”, comentou-se, à época de seu afastamento do jornal, que este foi o motivo: a “Folha” não teria assinado embaixo dos “contatos comerciais” da editora e mandou a gata cantar em outro terreiro. Boatos que, diga-se, logo foram afogados, pois a Palomino continua colaborando com o jornal dos Frias, e com olho fixo na moda internacional. Afinal de contas, tem aquela história da expressãozinha em inglês.
### A revista “Key” é interessantíssima. Tem um olhar absolutamente inédito voltado para a modernidade do eixo Rio-SP, claro, com um holofote direcionado aos grandes centros mundanos, seja Londres, Nova York ou Paris. Érika se apoiou em colaboradores importantes e talentosos, ela própria uma antena de captar o novo, escolheu o melhor papel, formatou tudo bem à sua megalomania, quer dizer, é uma revista grandona, coloriu com pincéis certeiros, e está aí o sucesso. Só falta a “Key” circular.
### Precisou uma paulista soigné - Érika tem um quê de desproteção, só um quê - chegar ao Rio para ensinar a certos cariocas o que é compor uma lista de convidados que garanta o sucesso de uma festa. Se recebeu assessoria de colegas daqui neste quesito, acertou em cheio na parceria, porque o que se viu no Zero-Zero foi um elenco digno das páginas de todas as revistas de por aí. Para começar, um rebu com a presença de um Cauã Raymond não pode ser levado a escanteio, e ainda mais quando ele está a salvo de algumas jaciras promoters de churrascarias menores, que teimam em se dizer “confidentes” do rapaz, o que, para quem o conhece, sabe que não é bem assim. Cauã não é chegado. E não vai aí qualquer preconceito. Ele circula muito bem em meio a todas as tribos e é simpaticão.
### Cauã Raymond é a estrela da capa desta edição da “Key”. Posou sem roupa, ou quase Adão, para promover sei lá o quê. Acho que é um editorial de jóias, não encontrei a revista para ver, nas bancas de Ipanema (“que revista”? Me perguntou um jornaleiro. “Nunca ouvi falar”, concluiu), nem tampouco fui à festa. Apesar de se dizer com “muita febre”, Cauã saiu de casa e o fez com a camisa mais bonita da noite. Um xadrez superbacana. Roupa bonita dele, aliás, era um contraponto para o cabelo da Danny Carlos (o que é a Danny Carlos?). Gente, as madeixas da cantora que teve a audácia de dizer no Jô que encontrou o George Bush no jardim da Casa Branca, e não reconheceu o presidente dos Estados Unidos, sendo que ele veio todo simpático em sua direção para cumprimentá-la (quem viu a entrevista?), parecia um emaranhado de um gato angorá com o dedo na tomada de 220 woltz!
Cauã saiu da festa e foi se medicar na Clínica São Vicente.
### Camila Pitanga também estava, linda, linda, e não houve um criativo que mandasse servir no recinto uma caipirinha da fruta que dá nome àquele espetáculo de mulher. Quem é que não iria querer dar uma bicadinha em uma pitangada com a Pitanga em pessoa no meio do rebu? Até Cininha, que não é chegada em pernas depiladas, renderia essa homenagem à obra mais importante do marido da Benedita da Silva. Aliás, cadê ele?
### Thalma de Freitas, outro pedaço de mau caminho, que eu sempre confundo com aquela atriz alta feito um cavalo do Rio da Prata, que de março a dezembro diz que é evangélica, mas de janeiro a fevereiro cai no samba e desfila quase nua na Marques de Sapucaí, como é mesmo o nome dela?, estava translumbrante, como sempre.
### Maria Flor, que faz jus ao nome e que, em vidas futuras ou pregressas, deve contar parentela com uma família de orquídeas ou outra de margaridas, era uma das presenças mais bacanas. "Acho a revista linda!”, apregoava a Pitanga. Primeira pitanga doce da história dos pomares mundanos.
### A atriz Mariana Ximenes, o maior destaque da novela-sem-história das sete global, brilhava feito um cometa. O DJ Fabião inovou e “transcreveu” para as carrapetas o som que a Érika ouve diariamente através de seu iPod. Ou você acha que a Érika não tem um iPod? Deve ter sido a primeira a comprar um. É. Fabião é diretor da Conspiração. Falar nisso, Andrucha foi, sem Fernandinha.
###Dona Violeta Arraes, do alto dos seus 80 anos, tia de Guel Arraes, é uma das entrevistadas desta edição. Não, dona Violeta não foi à festa. Elke Maravilha, aquela dublê de mulher e Torre Eiffel, pois tão grandona, chegou e abalou! Não houve telescópio no Planetário da Gávea, onde fica o Zero-Zero, que conseguisse captar tanto brilho em uma estrela só. Todas as lentes espocaram. Literalmente, a festa inteira quis fotografar ao lado da famosa jurada do Cassino do Chacrinha, alô, alô, Terezinha. Se Elke está na revista? É claro!
### Marina Lima, que depois daqueles boatos de uma depressão deu guinada na vida, seja pessoal e profissional, estava lá com o irmão, o espevitado Antônio Cícero, um dos maiores poetas vivos brasileiros – um outro morreu, era o Wally. Marina é um sucesso. Uma mulher chique.
### O figurino da rapaziada era o mais despojado possível, ou você pensou que o povo iria vestido àquela moda do “figurinista” da gravata borboleta e da cara-de-empada? Nãnãnã! A garotada - até aquela beirando aos 50, porque a idade está na cabeça - pôs o tênis, o moleton, a camiseta, e tome polca, quer dizer, polca é modo de falar: e tome “house”...
### Raquel Zimmermann, uma das modelos de maior sucesso no exterior, que também está na “Key”, disse presente ao chamado. Leticia Birkheuer, o cigano Igor de saias da novela das oito, foi ao lado da amiga, a estilista com vozeirão de Cauby Peixoto. Maria Paula e João Suplicy também na festa. Ellen Jabour, a apresentadora-intelectual (só lê Sartre e vê filmes de Buñel) olhava a tudo de cima - do alto de seu pedestal de areia à beira do mar. Guta Stresser, uma das mais importantes atrizes brasileiras da nova geração, que faz um trabalho digno em “A grande família”, queridíssima. Ninguém entende o tom da tinta dos cabelos do ator Marcelo Novaes.
### Carlos Bonow estava. É bom ator e bonito. Aquele ator preferido do diretor Wolf Maia, não sei se foi. Thiago Rodrigues, outro gato, e queridíssimo, divertiu-se a valer com o humor da Elke Maravilha (veja a foto). Babi Xavier, lembra dela?, com aquele bocão fabricado, ressurgiu. Ressurgiu! Gabriel Braga Nunes, “que peixão”, me diz Cininha. Sobre Grazi e Allan, o casal do Big Brother, “nada a declarar” – feito um Duda Mendonça na CPI.
### Carlos Tufvesson foi, com aquele semblante de “sou o mais importante estilista da alta costura carioca”. Não é, filho. Está longe. Primeiro vem o Jerson, depois o Gui-Gui, e há ainda tantos e tantos, que não dá para listar. Só depois vem você. Se vier. Oskar Metsavaht, charmosíssimo e bem sucedido (até no casamento!), feliz da vida. No dia seguinte, ontem, iria dar uma festa igual ou melhor, em termos de presenças de bacanas. Só errou na escolha de sua promoter, mas ninguém é perfeito, isso passa. Isabela Capeto, que nome, talentossíma, disse presente.
### Antonio Bokel, da griffe "SoulSeventy", era o mais bonito da noite – no mesmo patamar do Cauã e do Thiago Rodrigues. Felipe Veloso, o nome que mais entende de produção de moda no Brasil, também presente, simples, na dele, falando com todo mundo, seguro como as grandes estrelas, recém-chegado de Nova York. Um (in) certo Rogério, que se acha o Michael Roberts da cena carioca, apagadinho, apagadinho. Precisa acender um buscapé no tênis Puma, quem sabe?... Constança Lima, parecidíssima com a mãe Fernanda Basto. Até o carteirão embaixo do braço fez lembrar a vovó Marlene Rodrigues dos Santos. Ah, estava lá o campista Lula Rodrigues dos Santos, com seu eterno olhar blasé, que sabe tudo de moda. Ou sabe quase tudo. Quem sabia tudo era a Mara Caballero, eterna querida.
Ah, meus amores, cansei.
PONTO FINAL - Ninguém agüenta a empáfia do senador Demóstenes Torres, do PFL. Ele ontem debochou da condição dos “doidos” de por aí, ou do desespero que se é ser portador do Mal de Alzheimer, ao questionar o Silvinho Pereira na CPI. Já vi outros arrogantes iguais a ele, sobretudo uns lá da Bahia, que não resistiram ao olhar certeiro de uma lupa independente.
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