Confesso que Madonna, a loura-bomba, nunca foi mesmo tratadista das minhas preferências, sou mais a Elza Soares, mas não posso deixar passar em brancas nuvens a estada da diva loura por nossas paragens tão depauperadas e achincalhadas, tão carentes das cenas impactantes. E também não posso deixar que as impressões pautadas pela maioria dos meus confrades prevaleçam - quase todas encharcadas de babação de ovo e linguadas na precheca da cabalística e de seus promoters de ao redor. Afinal, alguém tem de debochar nesta casa!
Confesso, de novo, que até tentei em mexer os pauzinhos, no meu caso, o pauzão, para penetrar em uma área VIP das muitas que abrigaram os sudorentos “artistas” cariocas, mas não obtive fortuna. Mandei um e-mail para um “amigo”, a fim de conseguir o ingresso - repórter faz de tudo por uma notícia, não é? -, mas ele sequer me respondeu com o não habitual - o que seria bem natural e fácil de entender. Imagino que estivesse ocupado em babar o ovo de quem está por cima da carne seca, que é o que ele sempre fez de melhor na vida, ah, o tempo, este inexorável.
Lá fui para a arquibancada central mesmo, pagando o ingresso com meu próprio Amex, e assim não preciso elogiar o canapé de ninguém, o que nunca foi do meu feitio, meus leitores sabem. Para começar, o furdunço que se formou em volta do Maracanã me lembrou muito aquele que se instala na passrarela do samba em todos os carnavais. Tinha de tudo embaixo do toró (não o craque do Flamengo): bêbados caídos, drogados ensandecidos, garrafas quebradas cortando o pé dos desavisados, homem beijando homem, mulher chupando a língua de mulher – tudo muito natural, afinal, não se tratava de festa na casa da Maricy...
Levei uma hora para, da porta do Maraca, chegar à arquibancada, e o meu lugar, numerado, já estava ocupado. Tentei reclamar com seu Bento 16, mas a ligação não completava. Quem está na chuva quer se molhar, mesmo, e entre uma baforada de canabis ao lado, e uma lança perfume do outro, me vi, em pleno Maracanã, com Madonna prestes a subir ao palco, pensando em como sou feliz embaixo do meu edredon que ganhei de presente da Trusseau, GNT ligada, notebook sobre a cama atualizando o blog, meus cães escarrapachados ao lado, no chão, olhando aparvalhados para mim. Não tem preço!
Madonna que sifu, lancei mão do vocabulário lulês, vou embora daqui, nasci pra isso, não, disse aos meus animados acompanhantes – todos excitados, claro.
Mas logo começou o show, e o aguaceiro era recorrente, e meu humor naquela base estilo Flora. Madonna não terminou de cantar a primeira música e eu já dava bye-bye aos meus amigos, confirmando o encontro, para o final do show, na casa do Felipe, meu amigo da Tribuna, bem ali pertinho do Maraca. Com os telefones certos embaixo da manga, pois tenho atividade profissional junto ao Maracanã, não foi difícil espreitar os famosos.
Carol Dieckmann, que está pensando seriamente em trocar o Alex Lerner pelo Bruno Astuto, seu novo amigo de infância, se eu não a conhecesse a confundiria com a própria Madonna. Meu Deus, por que é que as pessoas são assim tão prepotentes e arrogantes? Será que se imaginam seres imortais? Deve ser horrível, quando vão ao banheiro, então – suponho. Tenho a impressão de que ela sai de casa com tudo previamente pensado: “não posso olhar para o lado, não estendo a mão para ninguém, sorrrir, só se for para o Tiago, para o Alex ou para o Bruno”.
Se todos os artistas brasileiros do terceiro escalão, como a Carolina, se mirassem no exemplo do Rodrigo Santoro, a vida seria bem melhor. O cara é o que é: lindo, maravilhoso, talentoso, gostoso, cheiroso (já o abracei, na casa do Marcio Garcia), e te olha com uma docilidade, com um carinho, com uma atenção, que chega a emocionar. E lá estava o Santoro, salvação de minha encharcada lavoura. Quando ele adentrou o camarote da Renner, não teve para ninguém. Nem para a Donatela na pele da Claudia Raia, que mais parece um cavalo do Rio da Prata – a Raia poderia ter nascido um pouco mais baixa, pô. Que mulher alta!
Mas o Rodrigo, o galã da noite, coitado, teve de dividir o mesmo camarote com o porre de sua ex-Luana Piovani, e com a ressaca do Dado Dolabela. Dado não é um homem, apesar dos muitos e generosos atributos físicos que a Lise Grendene conhece bem. Dado é uma ressaca advinda da pior pinga da adega da Casa da Dinda! O astral dele é pesado – sinto muito, Pepita -, e onde o guapo passava era alvejado, ou com palavras (do pessoal da arquibancada), ou com copos cheios de cerveja, mesmo. “Traidor, traidor”, gritavam.
Daniela Sarahyba mostrava que já incorporou a Beki Klabin, e ninguém tira dela este posto. É a mais deslumbrante da clã do papel e da celulose, depois de sua sogra, a Rosa, porque Rosa é rainha, Rosa é rainha. A Sarahyba estava com um short brocado, com aqueles quilômetros de pernas de fora, ao lado da mãe, Mara (que não é a Mara Maravilha) a bordo de medonhas sandálias brancas sob calça comprida preta. Mara, filha, sandália branca não ficaria bem nem se fosse na Jaqueline Onasssis. Joga fora no lixo.
De repente, não mais do que de repente, surgiu no recinto da TAM o Paulinho Vilhena. O povo se perguntava: “mas que roupa é esta?”. Eu descrevo: calça jeans-lavado-quase-branco amarfanhada panturrilha abaixo, tênis-skate preto, da Nike, camisa xadrez amarrada na cintura, boné e um medonho (para aquele contexto) cachecol preto e branco amarrado no pescoço. Mas a simpatia do guapo contrabalança, e ninguém está aqui para “desconcordar” do estilo de ninguém. Paulinho é mara!
A ex-Miss Brasil Natália-não-sei-das-quantas, a mineira que o Aécio Neves pegou, também estava com um par de sandálias esquisito. Nada de perder tempo com isso, porque ali do lado está a Débora Bloch, toda de preto, com botas marrons de legítima amazona, e nada de camisa com a logomarca de patrocinador, porque a Debbie pode. Débora era a mulher mais elegante de todo o Maracanã, disso eu não tenho dúvidas.
Meu Deus, o que é o Edson Celulari? Me diga, meu Deus! Quem foi que disse a ele que aquela jaqueta vermelha é o máximo e que suas aplicações de botox já não passaram da quantidade aceitável? O Celulari está parecidíssimo com o Cid Moreira, porque, se eu compará-lo com o Clovis Bornay vocês dirão que é maldade.
Luana Piovani ate que estava vestida corretamente, com uma calça skini preta-jeans, mas sua aura continua pesada, sinto muito informar. Quando a Alessandra Negrini chegou, tive de vir embora, porque me incomodam muitíssimo certas pessoas que têm tudo na mão para fazer bonito, mas não o fazem por pura incompetência. Gente, o que era a roupa da Alessandra Negrini? E aquele par de botas?
Miguel Falabela, depois de que resolveu colorir barba, cabelo e bigode, pensei tratar-se de um ser indigno de ser citado aqui, porque a execração tem de ser pública para homem que pinta os cabelos, no meu entender. Mas seu eu não disser que a loura-má salvou a lavoura do camarote da Renner (com a Débora Bloch no mesmo enredo) estarei mentindo: está para nascer aura mais luminosa do que a do Falabela.
Aguarde as cenas dos próximos capítulos.